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R$ 4 bilhões e nenhuma explicação: o que assusta nas emendas parlamentares suspensas

Suspensão de emendas parlamentares expõe fragilidades no controle dos gastos públicos.

14/01/2025 às 19h23 Atualizada em 14/01/2025 às 20h23
Por: Prof. Helle Borges
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Foto - Reprodução
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A suspensão de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares pelo ministro Flávio Dino jogou luz sobre uma prática que já virou rotina no Brasil: a distribuição de recursos públicos sem critérios claros e sem transparência. É como se estivéssemos diante de um gigantesco “presente invisível”, onde bilhões de reais desaparecem em projetos que ninguém sabe exatamente como, onde ou por quê foram escolhidos.

Não é a destinação que mais incomoda – ainda que drones, lanchas e campos de futebol sejam escolhas no mínimo peculiares em um país repleto de problemas estruturais. O que realmente tira o sono é o fato de que não há, em nenhum momento, uma explicação clara sobre como essas verbas foram distribuídas, quem decidiu os critérios e, principalmente, quais impactos elas deveriam gerar. Estamos falando de bilhões que poderiam transformar vidas, mas que, sem planejamento, acabam parecendo mais um improviso político do que uma estratégia de desenvolvimento.

O “mistério” das emendas parlamentares não é novidade. Elas aparecem do nada, em pacotes gordos de dinheiro que passam longe do olhar atento da população. Qual o critério? Influência política? Relações pessoais? Conveniência eleitoral? A única coisa que parece certa é que a população raramente é consultada, e o resultado é uma lista de destinações que mais parece uma colcha de retalhos – ou, para sermos mais honestos, um jogo de interesses.

E o que dizer da transparência? Até agora, ninguém explicou de forma convincente por que esses bilhões estavam indo para onde estavam indo. Projetos prioritários? Benefícios reais para as comunidades? Tudo é dito, mas nada é provado. A sensação é de que estamos diante de um grande teatro onde os parlamentares fingem que sabem o que estão fazendo e nós fingimos que acreditamos.

Flávio Dino, ao interromper esse fluxo e pedir uma investigação pela Polícia Federal, fez o que deveria ser o básico: parar para perguntar “onde estamos indo?” e “por que estamos indo para lá?”. A indignação de alguns parlamentares com a suspensão apenas reforça a sensação de que há algo de muito errado nesse sistema. Afinal, se tudo fosse tão legítimo e transparente, por que tanto desconforto com uma simples análise?

O episódio é um lembrete incômodo de que o Brasil ainda precisa avançar muito no controle do gasto público. Precisamos de critérios claros, de fiscalização rigorosa e, sobretudo, de respeito ao dinheiro do contribuinte. Porque o que mais assusta não é um campo de futebol aqui ou um drone acolá – o que realmente nos deixa perplexos é a falta de explicações, de planejamento e de responsabilidade com os bilhões que poderiam, de fato, fazer a diferença na vida de milhões de brasileiros.

Emendas parlamentares não precisam ser extintas, mas precisam urgentemente de luz, organização e, acima de tudo, respeito pela sociedade. Sem isso, continuaremos reféns de um sistema onde bilhões se perdem, enquanto a transparência é o único item que não está na lista de prioridades.

Confira ainda o comentário político no JC1ª Edição

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