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Política Artigo

Lula e Bolsonaro: dois reféns da mesma polarização

Lula quer Bolsonaro. Bolsonaro quer Lula. Essa é a única certeza sobre 2026.

12/02/2025 às 12h47
Por: Prof. Helle Borges
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Charge - @amarildocharges
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Ambos se tornaram reféns de uma dinâmica política que os mantém relevantes. São como velhos boxeadores que já não têm mais o mesmo vigor, mas que continuam subindo ao ringue porque, sem a rivalidade, perdem o sentido. Para Lula, Bolsonaro é o adversário ideal: um nome que evoca medo e repulsa na parcela progressista do eleitorado e que justifica o discurso de “salvador da democracia”. Para Bolsonaro, Lula é o inimigo perfeito: um espantalho do comunismo, o nome que personifica a corrupção e os desmandos do PT em sua narrativa.

Os dois vivem dessa simbiose tóxica. Precisam um do outro para existir politicamente. Quando um está em baixa, o outro ressurge. Foi assim em 2018, quando Lula estava preso e Bolsonaro cresceu como o candidato “anti-PT”. Foi assim em 2022, quando Bolsonaro, desgastado pelo governo desastroso, conseguiu se manter competitivo apenas por ser a alternativa ao “Lula livre”.

O eleitorado já percebeu esse jogo. Sabe que, se a disputa se repetir, teremos um roteiro previsível: um país rachado entre “comunistas” e “fascistas”, gritos de golpe de um lado e de ditadura do outro. Serão meses de discussões vazias, memes virais e um ciclo de ódio que, no fim, mantém tudo igual. Os problemas reais – economia, segurança, educação, saúde – ficarão em segundo plano, soterrados pela guerra cultural que os dois lados alimentam.

Mas e se, por um milagre, um dos dois saísse da equação? Se Bolsonaro não concorresse, Lula enfrentaria um adversário sem a mesma carga de rejeição, alguém que poderia obrigá-lo a discutir propostas. Se Lula não estivesse na disputa, Bolsonaro perderia seu espantalho preferido e precisaria convencer o eleitor de que tem algo a oferecer além do “anti-PT”.

E aí vem o problema: tanto Lula quanto Bolsonaro sabem que qualquer substituto tende a se sair melhor do que eles. Qualquer nome mais fresco, menos desgastado, mais preparado para debater os desafios do país, pode romper essa polarização. Por isso, no fundo, eles torcem para que o outro esteja na urna. Não porque querem vencer, mas porque não sabem disputar de outra forma. Eles não querem um país diferente. Querem o mesmo embate de sempre. Afinal, sem essa guerra, como justificariam sua sobrevivência política?

 

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