Se alguém dissesse, há alguns anos, que o próximo papa seria um matemático de Chicago, fã de Santo Agostinho e com cidadania peruana, muitos responderiam: “Só falta ele ser poliglota e gostar de ceviche”. Pois bem, ele é tudo isso — e agora é também o Papa Leão XIV.
Robert Francis Prevost, nascido em 1955, é o primeiro papa americano e o primeiro agostiniano a ocupar o trono de Pedro. Uma combinação que já causa espanto e expectativa. E não é para menos: sua trajetória de vida é uma verdadeira colcha de retalhos culturais, espirituais e acadêmicos. Crescido em Chicago, uma cidade onde o vento é gelado, mas a fé sempre foi calorosa, ele se destacou desde cedo como um jovem curioso, apaixonado por matemática. Mas não foi nos números que ele encontrou o sentido da vida.
Ainda jovem, Robert decidiu seguir os passos de Santo Agostinho, ingressando na Ordem dos Agostinianos em 1977. Para muitos, parecia um caminho óbvio: a ordem fundada pelo grande teólogo e filósofo cristão oferecia a profundidade espiritual e o compromisso com o serviço que sempre o atraíram. Mas foi na América Latina, mais precisamente no Peru, que sua vida ganhou um novo significado. Em vez dos corredores acadêmicos, Robert encontrou sua vocação nas ruas empoeiradas de Chiclayo, onde “el padre Roberto” se tornou mais do que um sacerdote — tornou-se um amigo, um conselheiro e uma presença constante para os mais necessitados.
Foram mais de dez anos como missionário no Peru, uma terra de contrastes onde a fé e a simplicidade caminham lado a lado. Ali, ele não apenas aprendeu espanhol fluentemente — com um leve sotaque local — mas também se tornou cidadão peruano, um sinal claro de que sua missão não era apenas passageira. Ele formou novos sacerdotes, fundou paróquias e caminhou pelas comunidades mais pobres, ouvindo histórias e dividindo sorrisos. Seu coração agostiniano se expandiu ali, onde a sabedoria dos livros encontrou a sabedoria das ruas.
Mas o destino tinha outros planos. Chamado de volta a Roma, Robert assumiu uma posição de destaque no Dicastério para os Bispos, o “escritório de RH” da Igreja, responsável por selecionar e nomear bispos em todo o mundo. Foi ali que ele se destacou mais uma vez, promovendo uma abordagem inovadora: pela primeira vez, mulheres passaram a participar do processo de seleção de bispos. Uma revolução silenciosa para uma Igreja que, muitas vezes, parece ancorada em tradições milenares.
E então veio o conclave. Enquanto o mundo observava, o nome de Robert Francis Prevost ecoou na Capela Sistina. O americano de coração peruano, o agostiniano com mente de matemático e alma missionária, agora era Papa Leão XIV.
E o que esperar desse novo pontífice?
Para começo de conversa, uma liderança com sotaque latino e visão global. Papa Leão XIV já deixou claro que pretende continuar o legado de seu antecessor, Francisco, com foco em justiça social, acolhimento aos migrantes e preservação do meio ambiente. Mas ele também é um homem pragmático, que entende os desafios do Vaticano, incluindo questões financeiras e a gestão de escândalos que ainda mancham a imagem da Igreja.
Um papa que já enfrentou crises de perto, que conhece o cheiro das ruas e que não tem medo de inovar. Mas também um líder que, como bom agostiniano, sabe que a verdadeira sabedoria começa com a humildade. O Papa Leão XIV é um homem de fé sólida, mas de mente aberta. Um papa que entende que o mundo mudou e que a Igreja precisa encontrar novas formas de dialogar com ele.
E enquanto o mundo observa seus primeiros passos no trono de Pedro, uma coisa é certa: com um coração latino, uma mente matemática e um espírito agostiniano, Papa Leão XIV é a prova viva de que Deus tem um senso de humor fascinante. Porque quem poderia imaginar que o novo líder da Igreja seria um americano que ama ceviche?
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