As eleições municipais em Itapema demonstraram mais uma vez a complexidade da política local, com resultados que revelam um eleitorado dividido, mas que, no fim, optou por manter uma figura já conhecida da cena política. Alexandre Xepa, que vinha atuando como vereador, foi o grande vencedor desta eleição, conquistando 18.226 votos, ou 48,25% do total, superando seu principal adversário, o empresário Clóvis Júnior, que obteve 17.361 votos, o equivalente a 45,96%. A vitória de Xepa reflete a força de uma candidatura que se consolidou em bairros periféricos como Morretes, de onde ele é morador, e Ilhota, região de origem de seu vice, ambos fundamentais para o resultado final.
Desde o início da campanha, era evidente que a disputa se desenrolaria em torno de dois grandes eixos: continuidade e renovação. Alexandre Xepa, com seu histórico de oito anos como vereador, representava a continuidade de um estilo de gestão pública próximo às demandas populares e, sobretudo, às regiões mais periféricas de Itapema. Já Clóvis Júnior, um empresário de sucesso e sem experiência direta na política, construiu sua campanha em torno da promessa de inovação, desenvolvimento econômico e modernização, especialmente voltada para os setores mais urbanos e de maior dinamismo econômico.
A vitória de Xepa, contudo, não pode ser dissociada de sua forte conexão com os bairros Morretes e Ilhota, locais que foram decisivos para o resultado final. No bairro Morretes, sua terra natal, Xepa obteve 57,11% dos votos, deixando Clóvis Júnior com apenas 37,17%. Essa diferença expressiva pode ser explicada pela proximidade que Xepa manteve com a comunidade ao longo de seus anos como vereador. Ele foi visto como um representante próximo, acessível, alguém que entende as necessidades locais e que, de alguma forma, conseguiu canalizar essas demandas para a política municipal. Essa identificação com o bairro foi um trunfo inegável e decisivo na sua vitória.
A mesma lógica se aplica ao bairro Ilhota, de onde vem seu vice, e que também garantiu a Xepa uma margem confortável de votos. Com 55,84% da preferência, Xepa superou os 41% de Clóvis Júnior na região, repetindo a fórmula de sucesso: a identificação com as lideranças locais e a percepção de que a chapa encabeçada por Xepa e seu vice tinha maior capacidade de continuar atendendo às demandas da população local. Em um cenário eleitoral no qual os bairros periféricos desempenham um papel determinante, essa estratégia de proximidade territorial foi essencial para o sucesso de sua candidatura.
Por outro lado, Clóvis Júnior mostrou uma força considerável nos bairros mais centrais, áreas onde seu discurso de renovação e desenvolvimento econômico encontrou maior receptividade. No Centro de Itapema, Clóvis conquistou 49,76% dos votos, contra 43,61% de Xepa, um desempenho significativo que mostrou sua capacidade de mobilizar eleitores que buscavam mudança. O perfil de empresário bem-sucedido de Clóvis, aliado ao seu discurso de modernização, atraiu eleitores especialmente conectados ao comércio, ao turismo e aos setores econômicos que mais demandam inovação e dinamismo na gestão pública.
A disputa mais acirrada, entretanto, ocorreu em Meia Praia, uma das áreas mais ricas e populosas de Itapema. Clóvis Júnior venceu por uma pequena margem, obtendo 47,55% dos votos, enquanto Xepa ficou com 44,91%. Este resultado demonstra o quanto a corrida eleitoral foi equilibrada em certas regiões. Embora Clóvis tenha conseguido atrair uma parcela significativa dos eleitores da Meia Praia, a votação expressiva de Xepa na área revela que, mesmo entre setores mais exigentes e ligados ao setor privado, sua imagem de continuidade e de alguém que já conhece as engrenagens da política municipal ainda tinha peso.
No entanto, é interessante notar que em bairros como Alto Alto São Bento e a Várzea, a disputa foi ainda mais apertada, com Clóvis Júnior superando Xepa por margens mínimas. Em Alto Alto São Bento, por exemplo, Clóvis conquistou 48,22% dos votos, enquanto Xepa ficou com 47,02%. Essa proximidade revela que, em regiões mais afastadas, mas com características urbanas, o eleitorado esteve profundamente dividido entre o desejo de renovação e a confiança em manter uma figura política já conhecida.
Já o Professor Willian, candidato que obteve 2.188 votos, ou 5,79% do total, teve uma participação menos expressiva, mas não insignificante. Seu melhor desempenho foi em Meia Praia, onde alcançou 6,84% dos votos, seguido pelo Centro, com 6,62%. Sua candidatura foi marcada por um discurso mais crítico ao status quo, mas acabou sendo ofuscada pela polarização entre Xepa e Clóvis. A campanha de Willian, embora tenha capturado votos de eleitores mais conscientes politicamente, não conseguiu quebrar a dinâmica da disputa central.
O que essa eleição em Itapema nos mostra é um claro dilema enfrentado pela população: de um lado, o desejo por continuidade, especialmente nas regiões mais periféricas e de maior vulnerabilidade social, onde a atuação de Alexandre Xepa como vereador foi vista como positiva e próxima das demandas locais; de outro, a promessa de mudança representada por Clóvis Júnior, que encontrou eco nas áreas mais centrais e economicamente dinâmicas da cidade, mas não conseguiu superar a resistência de uma base eleitoral fiel ao trabalho de Xepa.
A vitória de Alexandre Xepa, portanto, não foi apenas uma reafirmação de sua atuação como vereador, mas também uma demonstração de que a proximidade territorial e a identificação com as comunidades podem ser determinantes em uma eleição municipal. Morretes e Ilhota foram as âncoras de sua campanha, garantindo-lhe a vantagem necessária para superar Clóvis Júnior, que, apesar de seu perfil moderno e de sua proposta de renovação, não conseguiu romper com a força estabelecida de Xepa em bairros-chave.
Por outro lado, Clóvis Júnior emerge desta eleição como uma figura de destaque e com um futuro promissor na política local. Sua capacidade de mobilizar eleitores nos centros urbanos e de trazer uma mensagem de inovação e desenvolvimento econômico certamente o coloca em uma posição estratégica para futuras disputas. Se conseguir ampliar seu apelo para as áreas periféricas, onde a continuidade e o vínculo territorial ainda pesam fortemente, Clóvis poderá, nas próximas eleições, representar uma ameaça ainda maior àqueles que ocupam o poder.
Em resumo, a eleição em Itapema foi um reflexo de uma cidade em transição, dividida entre a necessidade de renovação e a confiança na continuidade. Alexandre Xepa, com seu histórico de vereador e sua forte ligação com bairros populares, saiu vitorioso, mas a margem apertada de votos revela que o desejo por mudança, representado por Clóvis Júnior, ainda está presente em uma parte significativa da população, especialmente nos centros mais urbanos e de maior dinamismo econômico.
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