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Desde sexta-feira, Los Angeles vira centro de confronto nacional

Prisão de 44 imigrantes desencadeia protestos, incêndios e mobilização militar sem precedentes em décadas; Califórnia prepara ação judicial.

10/06/2025 às 16h09
Por: Tiago Francisco
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Imagem: Mario Tama | Getty Images
Imagem: Mario Tama | Getty Images

Desde a última sexta-feira (6), Los Angeles, na Califórnia, tem sido palco de violentos protestos, prisões em massa e destruição de patrimônio público e privado. O estopim para os confrontos foi a prisão de 44 pessoas pela polícia de imigração dos Estados Unidos, a ICE (Immigration and Customs Enforcement), durante uma operação realizada em bairros de maioria latina.

A ação do ICE despertou grande indignação popular, especialmente em uma cidade onde mais de um terço da população é composta por imigrantes. Poucas horas após as detenções, manifestantes começaram a bloquear ruas, incendiar carros e confrontar policiais em diversos pontos da cidade. A escalada da violência levou o presidente Donald Trump a autorizar o envio imediato de cerca de 300 membros da Guarda Nacional para conter os protestos — decisão tomada sem consulta prévia ao governo do estado, o que provocou reações imediatas de autoridades locais.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, classificou a medida como "inconstitucional" e anunciou que pretende acionar a Justiça para contestar o envio das tropas. “É uma violação da autonomia do nosso estado”, declarou. Em resposta, Trump elevou o tom e afirmou que apoiaria a prisão de Newsom, aprofundando ainda mais o conflito institucional entre o governo federal e o estado da Califórnia.

Nesta segunda-feira (10), mesmo com a diminuição dos confrontos nas ruas durante a tarde, a tensão permanece. Ao todo, mais de 110 pessoas já foram presas desde o início da onda de protestos. Entre elas, estão inclusive duas filhas do controlador-chefe de Los Angeles, Rick Cole, acusadas de agredir policiais durante os atos.

Além dos confrontos com a polícia, há registro de saques, depredações e incêndios criminosos. Vários carros autônomos da empresa Waymo foram destruídos, lojas tiveram vitrines quebradas e o centro da cidade continua sob forte patrulhamento. Jornalistas também relataram abordagens agressivas, e ao menos dois repórteres da CNN foram detidos brevemente enquanto cobriam os protestos.

A tensão se agravou com a chegada de mais 700 fuzileiros navais, enviados por ordem presidencial mesmo após a redução das manifestações mais violentas. A medida foi considerada provocativa pelo governo californiano e por entidades de direitos civis, que acusam a administração federal de abuso de poder. O Pentágono estima que a operação custará pelo menos 134 milhões de dólares apenas nos primeiros 60 dias.

Especialistas em direito constitucional e segurança pública apontam que o envio de forças militares federais sem o aval do estado é uma atitude rara e que não ocorria desde 1965 nos Estados Unidos. Eles alertam para os riscos do uso político das Forças Armadas em questões civis e imigratórias.

A população segue dividida. Enquanto parte vê a ação federal como necessária diante dos atos de vandalismo, outros enxergam na operação um ataque direto às comunidades imigrantes e um gesto autoritário do governo Trump. Com mais militares nas ruas e as autoridades estaduais prometendo resistir judicialmente, o clima em Los Angeles ainda está longe de voltar ao normal.

 

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