Na 7ª edição do Fórum Econômico Brasil‑França, o presidente Lula anunciou o compromisso de 15 empresas francesas em investir R$ 100 bilhões no Brasil até 2030, distribuídos entre setores estratégicos como energia, transporte e alimentos. O investimento é visto como “um sinal de confiança internacional” na economia brasileira. Apesar do entusiasmo, segue sem resolução o impasse na ratificação do acordo Mercosul‑UE, pressionado por questões agrícolas e ausência de apoio explícito de Macron.
Principais destaques do pacote:
CMA CGM: R$ 13,5 bilhões em transporte marítimo;
Vinci Highways: R$ 12 bilhões em concessões rodoviárias;
ENGIE: R$ 8,5 bilhões destinados a energia renovável e transmissão;
TOTAL Energies: R$ 6 bilhões no setor energético.
Essas operações ocorrem num contexto em que a França já figura como terceiro maior investidor direto no Brasil, com um estoque de US$ 66,3 bilhões, atrás apenas dos Estados Unidos e da Holanda.
O pacote reforça o apelo do presidente Lula por expansão de investimentos "verdes", alinhados ao Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e à política industrial do governo. Analistas interpretam a iniciativa como um voto de confiança nos rumos da economia brasileira, mesmo diante das pressões fiscais e das críticas de órgãos que apontam gargalos na qualidade dos investimentos e no controle do gasto público.
Mercosul‑UE segue travado
Apesar do clima positivo, não houve avanço no tão aguardado acordo comercial Mercosul‑UE. A França mantém restrições, pressionada por setores agrícolas internos. Lula afirmou que “O acordo será assinado antes de 6 de dezembro, quando acaba a presidência interina do Brasil no Mercosul.” A data é ambiciosa, já que o tema está parado há anos .
Analistas ressaltam que, apesar da proximidade política entre Lula e Macron, esse alinhamento ainda não se traduziu em comprometimento comercial. O agronegócio francês continua cauteloso quanto à abertura do mercado europeu ao setor brasileiro.
Essa parceria reflete um momento de reaproximação histórica entre Brasil e França, desde a retomada do fórum bilateral criado em 2013. Em março de 2024, Macron visitou o Brasil, anunciou um programa de € 1 bilhão para investimentos em bioeconomia na Amazônia e participou de acordos como o PROSUB, de submarinos nucleares e fortalecimento da Ciência e Tecnologia.
O investimento francês agora acende expectativas sobre o fortalecimento de infraestrutura, transição energética e competitividade industrial, no contexto do Novo PAC e do plano Nova Indústria Brasil, com foco na alta tecnologia, logística e integração regional.
O pacote de R$ 100 bilhões reafirma a percepção de que o Brasil está recuperando credibilidade e atraindo capitais internacionais, impulsionando projetos em infraestrutura e energia sustentável. No entanto, o entrave diplomático ao acordo Mercosul‑UE mostra que as promessas financeiras ainda enfrentam limites políticos – especialmente quando envolvem o setor agrícola europeu. A meta de assinatura até 6 de dezembro acende um cronômetro diplomático que Lula aposta para transformar diálogo em resultados.
CONFIRA NOSSA PROGRAMAÇÃO AO VIVO
Mín. 17° Máx. 25°