Enquanto o torcedor brasileiro debate nos bares quem deve ser o novo treinador da Seleção, a cúpula da CBF pode estar prestes a enfrentar uma crise muito mais séria do que decisões técnicas dentro de campo. Um possível escândalo envolvendo um documento chave da eleição de 2022, que garantiu a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação Brasileira de Futebol, coloca em xeque a legitimidade do atual mandato e pode sacudir os bastidores do futebol nacional.
Durante o programa exibido na noite de ontem, o narrador Galvão Bueno trouxe à tona uma série de documentos que revelam uma decisão polêmica da CBF: aceitar um convite da Rússia para disputar dois amistosos em 2025. A proposta é polêmica porque a seleção russa está banida de competições oficiais da FIFA desde 2022, em função da guerra na Ucrânia. Mesmo assim, segundo os documentos, a entidade brasileira sinalizou positivamente à realização dos jogos.
No entanto, a polêmica com a Rússia é apenas a superfície de um problema ainda maior. O mesmo documento utilizado para validar o acordo político que manteve Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF conta com uma assinatura que está sendo investigada por suspeita de falsificação. Trata-se da assinatura de Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, ex-presidente da CBF. Segundo laudos médicos e perícias recentes, Nunes sofre de comprometimento cognitivo grave, já foi declarado judicialmente incapaz e não teria condições de assinar qualquer documento com valor legal.
Se confirmada a falsificação, o documento pode ser anulado judicialmente, o que derrubaria o acordo costurado para manter Ednaldo no cargo — e, por consequência, pode abrir caminho para uma nova eleição na CBF.
Outro fator que agrava a situação é o possível desgaste na relação entre Ednaldo Rodrigues e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi o responsável pela decisão que garantiu sua permanência na presidência da CBF. Nos bastidores de Brasília, o clima entre os dois estaria tenso desde que a revista Piauí publicou uma reportagem revelando contratos milionários entre a CBF e o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual Gilmar Mendes é sócio. A exposição pública da relação teria causado desconforto no ministro, que estaria se distanciando do dirigente.
Agora, todas as atenções se voltam para o Supremo Tribunal Federal, que deve julgar ainda neste mês se o acordo que manteve Ednaldo no comando da entidade é ou não válido. Se a Corte entender que a assinatura de Coronel Nunes é inválida, o efeito pode ser devastador para a cúpula da CBF.
CONFIRA NOSSA PROGRAMAÇÃO AO VIVO
Mín. 20° Máx. 26°