“Ok. Deixa comigo.” Foi com essa frase que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a agitar o cenário econômico — e agora também o cultural. Depois de impor tarifas sobre produtos e commodities estrangeiras, Trump mira um novo alvo em sua política protecionista: a produção cinematográfica realizada fora dos Estados Unidos.
A proposta, anunciada publicamente por Trump, prevê uma tarifa de 100% sobre filmes produzidos no exterior. A medida seria uma resposta direta aos incentivos fiscais oferecidos por países como Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que vêm atraindo superproduções de Hollywood com promessas de economia significativa.
“O objetivo é impedir que outras nações roubem os filmes e a capacidade de produção dos Estados Unidos”, afirmou Trump, reforçando sua visão de que as produções gravadas fora do país representam uma perda econômica e simbólica para os EUA.
A comparação de Trump é com outros produtos icônicos da indústria americana, como o iPhone, que embora seja projetado nos EUA, é fabricado no exterior para reduzir custos. O mesmo, segundo ele, vem acontecendo com a indústria cinematográfica.
Um exemplo claro está na Disney. A empresa economizou cerca de US$ 570 milhões ao gravar sete projetos da franquia Star Wars no Reino Unido — redução de 18% no orçamento total, graças aos generosos incentivos fiscais britânicos. Em 2019, o setor audiovisual injetou US$ 10 bilhões na economia do Reino Unido e gerou quase 70 mil empregos. Enquanto isso, Trump vê o crescimento dessas indústrias como um sinal de enfraquecimento da liderança americana.
Apesar do anúncio, ainda não está claro como as tarifas seriam implementadas. Diferentemente de produtos físicos, filmes não possuem uma etiqueta de origem e não passam por alfândegas como mercadorias convencionais. Essa ausência de um "local de fabricação" definido torna a aplicação prática da medida bastante incerta — e tecnicamente desafiadora.
Especialistas alertam que a tarifa pode ter implicações além do mercado financeiro. Ao dificultar a entrada de filmes produzidos em outros países, os Estados Unidos também limitariam o intercâmbio cultural e a exposição a outras narrativas e visões de mundo — algo considerado por muitos como uma forma de "soft power" que os americanos, ironicamente, sempre dominaram.
A medida ainda deve gerar muita discussão, especialmente entre os gigantes de Hollywood, que há anos vêm aproveitando os incentivos estrangeiros para reduzir custos e ampliar margens de lucro. Caso avance, o plano de Trump pode mudar — ou travar — o fluxo internacional de produções cinematográficas como o mundo conhece hoje.
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