Após morte de bebê, diretora do Hospital Ruth Cardoso é demitida e gestão passa por reestruturação

A morte de um recém-nascido durante o parto no Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, na última sexta-feira (25), levou a Prefeitura a adotar mudanças significativas na condução da unidade de saúde. O episódio gerou forte comoção e reacendeu discussões sobre a qualidade dos serviços prestados no hospital, considerado referência na região. Diante da repercussão do caso, a Secretaria de Saúde anunciou uma série de medidas para reestruturar a gestão e apurar responsabilidades, além de buscar melhorias nos fluxos de atendimento e ampliar a humanização dos serviços.

A principal mudança ocorreu nesta segunda-feira (28), com a saída da então diretora-geral do hospital, Andressa Hadad. A partir desta terça-feira (29), a secretária de Saúde do município, Aline Leal, passou a acumular interinamente a direção da unidade hospitalar. Segundo a prefeitura, a decisão tem como objetivo "garantir a continuidade dos atendimentos e manter a estabilidade da gestão enquanto as mudanças planejadas para a unidade avançam".

Além da troca de comando, outras alterações na equipe diretiva estão previstas ainda para esta semana, como parte do processo de reestruturação. O foco, segundo a gestão municipal, é fortalecer os serviços oferecidos à população e melhorar a organização interna do hospital.

Entre as principais ações já definidas, está o envio à Câmara de Vereadores de um projeto de lei que autoriza a contratação de profissionais da saúde em caráter temporário (ACTs), com vínculo de dois anos. A medida busca garantir maior estabilidade para as equipes que atuam no hospital. Outra mudança importante é a criação do cargo de diretor clínico obstétrico, voltado exclusivamente à maternidade da unidade, o que visa fortalecer a supervisão e a qualidade nos atendimentos no setor.

Além disso, será aberta uma nova licitação para o gerenciamento do Centro Obstétrico do hospital, permitindo que o contrato emergencial vigente com a empresa atual seja rescindido. A terceirizada que operava o setor foi notificada, e o médico envolvido no caso do recém-nascido já foi afastado.

Também está em curso uma auditoria interna, conduzida pela Controladoria Geral do Município, que analisará o contrato vigente desde 2020 com a empresa responsável pelo funcionamento da maternidade. A intenção é garantir transparência no processo e investigar a efetiva execução dos serviços prestados.

Em nota, a secretária Aline Leal destacou o compromisso da gestão com a qualidade e a sensibilidade no atendimento:

“A prioridade da gestão é humanizar cada vez mais o atendimento à população. O Hospital Municipal Ruth Cardoso é uma referência, e precisamos garantir que cada paciente se sinta acolhido e amparado. Ao mesmo tempo, estamos revendo processos, estrutura e equipes, com o objetivo de oferecer um atendimento cada vez mais eficiente, organizado e sensível às necessidades das pessoas”.

Hospital buscará certificação nacional de qualidade

Outra novidade anunciada pela Secretaria de Saúde é o início do processo de preparação do Hospital Ruth Cardoso para obtenção da certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), uma das mais importantes do país em avaliação de qualidade e segurança na assistência hospitalar. O objetivo é consolidar o hospital como referência em gestão, estrutura e humanização, atendendo aos critérios técnicos e organizacionais que priorizam a segurança do paciente e a melhoria contínua.

A ONA é uma entidade sem fins lucrativos, reconhecida por avaliar e certificar instituições de saúde em todo o Brasil com base em critérios rigorosos. A certificação é voluntária e parte da própria instituição o desejo de ser avaliada.

Nova licitação para gestão completa do hospital deve sair ainda este ano

A prefeitura também confirmou que lançará ainda neste ano uma nova licitação para definir a futura gestão completa do Hospital Ruth Cardoso. O processo anterior, iniciado em 2023, foi suspenso após pareceres do Ministério Público de Santa Catarina e do Tribunal de Contas do Estado. A comissão responsável pela análise do certame apontou inviabilidade financeira e ausência de projetos técnicos detalhados, recomendando a não homologação do resultado.

Com as mudanças anunciadas, a administração municipal espera não apenas responder à crise desencadeada pela morte do recém-nascido e outros casos envolvendo mortes de bebês, mas também garantir melhorias estruturais e de atendimento no hospital que é um dos mais importantes da região.

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