O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agenda marcada para o próximo dia 20 de março (quinta-feira) em Santa Catarina, quando assinará contratos que somados chegam a quase R$ 5 bilhões, destinados ao desenvolvimento dos estaleiros de Itajaí e Navegantes. A visita vem acompanhada de uma grande expectativa sobre os impactos desses investimentos para a economia local e a relação conturbada com o governo Estadual.
De acordo com informações do governo federal, a primeira parte do investimento destina-se ao estaleiro Detroit Brasil, de Itajaí, com um contrato de R$ 1,4 bilhão. Os recursos, provenientes da aprovação do Fundo da Marinha Mercante (FMM), o qual faz parte de um pacote de R$ 10,5 bilhões para o setor naval, serão usados para a construção de quatro navios do tipo PSV (Platform Supply Vessel), embarcações de apoio a plataformas de petróleo da Petrobras.
Além disso, o estaleiro Navship, localizado há poucos metros, no lado de Navegantes, também será contemplado com um montante de R$ 3,1 bilhões para a fabricação de oito embarcações. O apoio financeiro a esses estaleiros simboliza uma tentativa do governo federal de fortalecer a infraestrutura portuária de Santa Catarina, um dos estados mais estratégicos no setor, ao mesmo tempo em que busca protagonismo na área, às vésperas de novas eleições e com popularidade baixa.
Tensão sobre federalização do Porto de Itajaí
A visita de Lula ocorre em um contexto político tenso. Em uma fala recente, o presidente se comprometeu a “fazer o que precisa ser feito” para colocar o porto de Itajaí em funcionamento, após quase dois anos de inatividade.
A federalização do Porto da cidade mais rica do Estado gerou uma intensa polêmica e uma disputa entre o governo federal e o estadual. O processo envolveu a transferência da administração do porto para a União. A medida foi mal recebida pelo governo de Santa Catarina, que temia perder o controle sobre a gestão local e os benefícios econômicos para o estado. A responsabilidade do Porto de Itajaí, que antes era do estado, foi transferida para o Porto de Santos, gerido pela União
Relação conturbada
O governador de Santa Catarina cotado para a reeleição estadual em 2026, Jorginho Mello (PL), conhecido por seu alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro e que tem se mostrado um crítico da administração petista, provavelmente não participará da visita de Lula, embora já havia declarado ao jornalista Tiago Francisco, da Rádio Cidade 104.1FM, que só compareceria a eventos com Lula quando houvesse anúncios federais de grande relevância para a população catarinense.
A possível ausência de Mello será vista como mais um capítulo da relação tensa entre o governador e o presidente. Recentemente, em Santos (SP), Lula acusou Mello de falar mal dele, o que foi prontamente respondido pelo governador, que afirmou não perder tempo criticando o presidente, mas também não encontrava razões para aplaudir o governo petista. Agora, a expectativa é que, em Santa Catarina, Lula apresente detalhadamente os investimentos federais no Estado, buscando contrastar sua gestão com as críticas de Mello, que alegou que o presidente não havia feito nada por Santa Catarina.
Esta será a segunda visita oficial de Luiz Inácio Lula da Silva a Santa Catarina desde o início de seu mandato. A primeira ocorreu em agosto de 2023, quando o presidente esteve no Estado para inaugurar o Contorno Viário da Grande Florianópolis, acompanhado do ministro dos Transportes, Renan Filho.
A visita de março, que se concentra nos estaleiros, promete gerar ainda mais repercussão, dado o contexto político e a magnitude dos investimentos.
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