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11 de março: Há exatos 5 anos, a OMS descreveu a Covid-19 como uma ‘pandemia’; relembre os impactos no Brasil

Do primeiro caso às consequências duradouras; veja como o Brasil enfrentou a pandemia de Covid-19.

11/03/2025 às 10h46 Atualizada em 12/03/2025 às 14h15
Por: Tiago Francisco
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Diretor-geral da OMS declara pandemia por coronavírus — Foto: Fabrice Coffrini/AFP
Diretor-geral da OMS declara pandemia por coronavírus — Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Há exatos cinco anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou oficialmente a pandemia de COVID-19, um marco que transformaria o mundo de maneiras que ninguém poderia prever. No Brasil, como em muitos outros países, a chegada do coronavírus trouxe um conjunto de desafios imensos para a saúde pública, a economia e a vida cotidiana da população. Cinco anos depois, é possível refletir sobre como o Brasil lidou com a crise, os efeitos que ela teve e como seguimos em busca de recuperação.

O primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020, em São Paulo, quando um homem que havia retornado da Itália foi diagnosticado com o vírus. O Brasil, até aquele momento, não havia experimentado uma ameaça sanitária dessa magnitude. Inicialmente, a resposta das autoridades foi marcada pela falta de informações claras sobre o vírus, o que gerou um grande período de incertezas.

As primeiras medidas de contenção foram tardias e, muitas vezes, descoordenadas. Enquanto alguns estados e municípios adotaram o isolamento social e outras medidas de restrição, o governo federal inicialmente minimizou a gravidade da situação. Essa falta de unidade e clareza sobre as ações a serem tomadas gerou um cenário de confusão e dificuldades para a população entender a seriedade da situação.

O então presidente Bolsonaro testou positivo para Covid-19 e foi acusado de omissão. Foto - Serge Lima / AFP

Isolamento Social e Lockdowns

Com o crescimento exponencial do número de casos em todo o país, o Brasil seguiu a tendência global de adotar o isolamento social como uma das principais medidas para conter a disseminação do vírus. Isso resultou em um fechamento temporário de comércios, interrupção de aulas presenciais e a orientação para que as pessoas permanecessem em casa, especialmente as do grupo de risco.

As consequências sociais e econômicas foram profundas. O desemprego aumentou, milhares de pequenos negócios faliram, e a desigualdade social no Brasil se aprofundou, já que as populações mais vulneráveis, muitas vezes sem acesso a condições adequadas de saúde e infraestrutura, foram as mais impactadas.

Ao mesmo tempo, a população se adaptava a uma nova realidade. O uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização constante das mãos se tornaram práticas cotidianas. A tecnologia teve papel fundamental durante esse período, com a migração para o trabalho remoto, o ensino à distância e o aumento do uso de plataformas de compra online.

Álcool em gel passou a fazer parte do cotidiano. Foto - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Avanço das vacinas e a esperança 

Após meses de incerteza e altos índices de infecção e mortalidade, a chegada das vacinas contra a COVID-19 representou um ponto de virada. O Brasil, que inicialmente enfrentou desafios logísticos e dificuldades para garantir doses suficientes, foi um dos países que mais vacinou sua população. A vacina foi considerada pela maioria dos especialistas como a principal arma contra o vírus, e a vacinação em massa foi iniciada em janeiro de 2021.

Apesar de alguns focos de resistência à vacinação, a campanha de imunização foi responsável por uma queda significativa nos números de casos graves e mortes. Ainda assim, a vacinação enfrentou desafios, como a desigualdade no acesso, e em algumas regiões do Brasil, especialmente nas mais distantes e carentes, a imunização se arrastou por mais tempo.

Em 1º de março de 2021, Itapema iniciava a vacinação em idosos a partir de 80 anos. Foto - Reprodução/Prefeitura de Itapema

Efeitos sociais, econômicos e psicológicos 

Os efeitos da pandemia não se restringiram apenas à saúde. O impacto psicológico foi imenso. O Brasil viu um aumento no número de casos de ansiedade, depressão e distúrbios relacionados ao estresse pós-traumático, especialmente entre os profissionais da saúde, que enfrentaram jornadas extenuantes de trabalho em hospitais superlotados.

A educação também sofreu com a transição abrupta para o ensino remoto. Embora tenha sido uma alternativa importante para evitar a propagação do vírus, muitos estudantes, especialmente aqueles de famílias de baixa renda, enfrentaram dificuldades para acessar as aulas online devido à falta de acesso à internet de qualidade e a dispositivos adequados.

A economia brasileira foi gravemente afetada pela pandemia. O Brasil já enfrentava uma crise econômica antes da chegada do coronavírus, e a pandemia intensificou a recessão. O auxílio emergencial oferecido pelo governo foi uma tentativa de amparar as famílias mais afetadas, mas muitos argumentaram que o valor não foi suficiente para cobrir as perdas financeiras da população. No entanto, o programa foi fundamental para diminuir os impactos sociais imediatos da pandemia.

O papel do SUS 

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi, sem dúvida, um dos principais pilares na luta contra a COVID-19. Apesar das dificuldades de infraestrutura e financiamento, o SUS teve um papel vital no atendimento de milhares de brasileiros infectados. Hospitais de campanha foram montados em várias cidades, e médicos e enfermeiros trabalharam incessantemente para salvar vidas.

Entretanto, a pressão sobre o sistema de saúde foi enorme, e em algumas regiões, o colapso parecia iminente. Em momentos críticos, como a falta de oxigênio em Manaus e o aumento das internações em UTI, o Brasil viveu cenas de desespero, e o sistema de saúde foi forçado a seus limites.

Hospital de Campanha da Prefeitura, no Riocentro, com pacientes de Covid-19 Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio do Janeiro- 02.05.2020

"Solução mágica"

Durante a pandemia de Covid-19, a hipocrisia de muitos artistas e influenciadores ficou evidente. Enquanto defendiam o lockdown e exigiam que a população ficasse em casa “pela saúde de todos”, essas mesmas celebridades seguiam desfrutando de suas mansões luxuosas, sem qualquer preocupação financeira. Muitos trabalhadores brasileiros, especialmente aqueles que dependem do comércio e dos serviços, foram duramente afetados pelas restrições, vendo seus negócios fecharem e suas fontes de renda desaparecerem. No entanto, os mesmos famosos que criticavam quem saía para trabalhar não hesitavam em viajar secretamente, promover festas privadas e continuar suas rotinas confortáveis, longe da realidade da maioria da população. Esse comportamento contraditório evidenciou a desigualdade e o desprezo das elites artísticas por aqueles que realmente sustentam o país.

Se esses artistas realmente se preocupassem com o povo, usariam sua influência para cobrar do governo soluções efetivas que reduzissem a desigualdade social e garantissem suporte aos mais vulneráveis durante a crise. Mas, ao invés disso, preferiram apontar "soluções" simplistas, como ficar em casa, sem pensar nas consequências para milhões de brasileiros que vivem do trabalho diário. Para muitos, a escolha não era entre se proteger do vírus ou não, mas entre correr o risco da doença ou o risco ainda maior de passar fome, em ambos os casos, estamos falando de sobrevivência.

O verdadeiro compromisso com a sociedade não está em discursos vazios, mas em exigir mudanças reais que evitem que tragédias como essa se repitam.

Famílias lutam contra a fome em meio à crise durante a pandemia. Foto - Uol

Oportunismo

Infelizmente, a pandemia também se tornou o palco perfeito para a pior forma de politicagem: aquela feita em cima de caixões. Enquanto milhares de brasileiros enfrentavam o luto, a fome e o desemprego, muitos políticos e figuras públicas não hesitaram em explorar o sofrimento alheio para alimentar suas narrativas e conquistar poder.

Transformaram o medo em ferramenta de manipulação, impuseram restrições sem planejamento e, pior, usaram tragédias como um trampolim eleitoral. Em vez de buscarem soluções reais, preferiram apontar dedos, censurar questionamentos e lucrar politicamente com o desespero da população. A pandemia revelou não apenas a fragilidade do nosso sistema de saúde, mas também o oportunismo cruel de quem se aproveitou do caos para fortalecer seus próprios interesses.

Desafios pós-pandemia e a luta contra as variantes 

Cinco anos depois, o Brasil ainda enfrenta desafios derivados da pandemia. Embora a vacinação tenha sido um passo crucial, o vírus continua a circular, e novas variantes do coronavírus têm surgido, o que mantém a necessidade de vigilância constante. Além disso, muitos efeitos a longo prazo da COVID-19 continuam sendo estudados, como os chamados "efeitos pós-COVID" que afetam um número significativo de pacientes.

O Brasil também ainda enfrenta desafios na recuperação econômica e na melhora da saúde pública, além de precisar avançar na erradicação de desigualdades sociais que se intensificaram durante a crise sanitária.

Um país resiliente

O Brasil tem mostrado grande resiliência diante dos desafios impostos pela pandemia de COVID-19. A sociedade se adaptou rapidamente à nova realidade, o SUS cumpriu seu papel apesar das dificuldades, e a vacinação trouxe um alento para o povo brasileiro. Contudo, os reflexos da pandemia ainda são sentidos e o país segue em processo de recuperação, tanto socialmente quanto economicamente.

Enquanto nos recuperamos das consequências da COVID-19, é fundamental que o Brasil continue priorizando o fortalecimento do sistema de saúde, a vacinação contínua, e a promoção de políticas públicas que combatam as desigualdades que a pandemia acentuou. O aprendizado adquirido nesses cinco anos deve servir como base para enfrentar futuras crises de saúde, econômicas e sociais, com mais solidariedade, união e eficiência.

Família perde 8 pessoas para a Covid-19 em Parintins (AM). Foto - Arquivo Pessoal

 

 

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