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Política Almoço Grátis?

O banquete da ilusão: a conta sempre chega

Populismo econômico ameaça a estabilidade do país ao esconder o verdadeiro custo social.

24/12/2024 às 07h31 Atualizada em 24/12/2024 às 07h44
Por: Prof. Helle Borges
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Foto - Ricardo Stuckert/PR
Foto - Ricardo Stuckert/PR

“Não existe almoço grátis.” Essa frase, tão batida quanto verdadeira, deveria ser a premissa básica de qualquer governante responsável. Mas no Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva, o conceito é tratado como um detalhe inconveniente, algo a ser ignorado em nome de um espetáculo populista. Lula parece acreditar que é possível oferecer um banquete eterno ao povo, com pratos recheados de programas sociais, expansão estatal e promessas de justiça social, sem que a conta jamais chegue. Porém, a realidade é mais dura que os discursos inflamados: cedo ou tarde, alguém paga a conta. E, spoiler, esse “alguém” é o povo brasileiro, especialmente os mais pobres.

Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem ampliado os gastos públicos como quem distribui convites para uma festa aberta. Ele afirma, sem hesitar, que a expansão do Estado é a única solução para o progresso e a redução das desigualdades. É um discurso envolvente, claro, mas profundamente enganoso. O governo não é uma entidade mística capaz de gerar recursos do nada. Ele arrecada por meio de impostos e, quando esses não bastam, recorre a empréstimos ou mesmo à criação de dinheiro, plantando as sementes para inflação e juros altos. Não é preciso ser um especialista em economia para entender o resultado: mais despesas públicas significam mais pressão sobre a economia, menos confiança do mercado e, inevitavelmente, mais problemas para os cidadãos comuns.

A inflação, por exemplo, é a consequência inevitável dessa farra. Ela age como um imposto invisível que corrói o poder de compra de todos, mas afeta principalmente os mais vulneráveis. Quando o governo aumenta gastos sem planejamento, ele coloca mais dinheiro em circulação sem que haja um crescimento correspondente na produção. O resultado? Preços disparam. Em paralelo, o Banco Central se vê obrigado a manter os juros nas alturas para tentar conter a inflação, tornando o crédito mais caro e sufocando pequenos negócios e famílias endividadas. A narrativa de Lula, no entanto, continua insistindo que isso é “neoliberalismo” ou algum complô dos mercados, como se a matemática econômica fosse opcional.

O impacto vai além. A credibilidade do Brasil como destino para investimentos despenca quando o governo adota práticas irresponsáveis. Investidores, sejam nacionais ou estrangeiros, querem previsibilidade. Eles observam com ceticismo quando um presidente confronta o Banco Central, ignora alertas sobre responsabilidade fiscal e prioriza a retórica populista em detrimento de ações concretas. O resultado? Menos investimento, menos crescimento econômico, menos empregos. Enquanto isso, o governo segue criando ministérios para acomodar aliados, aumentando salários no funcionalismo público e ampliando programas assistencialistas sem demonstrar de onde virão os recursos para sustentá-los.

A ironia cruel dessa situação é que as políticas apresentadas como “ajuda aos pobres” acabam prejudicando justamente quem mais precisa. Os mesmos beneficiários de programas sociais são aqueles que sofrem com a alta dos preços, a dificuldade de acesso ao crédito e o desemprego. É como oferecer um almoço farto, mas retirar o jantar e o café da manhã. Enquanto isso, a elite política continua a desfrutar de seus privilégios, protegida dos efeitos mais devastadores da inflação e da estagnação econômica.

Lula parece seguir um roteiro conhecido: o do líder populista que promete resolver problemas imediatos enquanto cria problemas ainda maiores para o futuro. A história da América Latina está repleta de exemplos de governos que caíram na ilusão do “almoço grátis”. Na Venezuela, o modelo de Estado inchado e paternalista levou à falência econômica e ao sofrimento generalizado. Na Argentina, sucessivos governos populistas quebraram o país repetidas vezes, jogando a população em ciclos de pobreza e crise. Ignorar essas lições é, no mínimo, irresponsável. Mas no Brasil de Lula, a ideia de que “gastar resolve tudo” continua a ser vendida como uma solução mágica.

A conta já está sendo escrita, e o preço será alto. Inflação, juros, desemprego e perda de credibilidade econômica são apenas os primeiros sinais de que o banquete não será eterno. E quando a festa acabar, será a população, especialmente os mais pobres, que terá de lavar os pratos. A teoria do “almoço grátis”, desmentida pela história e pela lógica econômica, permanece como uma das ilusões mais perigosas de qualquer governo. No Brasil de hoje, ela é o prato principal de um banquete servido com irresponsabilidade e temperado com retórica vazia. A única certeza é que a conta vai chegar. E será salgada.

 

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