Cancelamento da Parada da Diversidade em BC é atribuído a “perseguição política” do prefeito Fabrício Oliveira

A Parada da Diversidade, tradicional evento que celebraria a comunidade LGBTQIA+ em Balneário Camboriú neste domingo (24), foi cancelada às vésperas de sua realização, gerando grande repercussão entre os participantes e simpatizantes. A organização do evento atribuiu o cancelamento à falta de apoio da Prefeitura de Balneário Camboriú, liderada pelo prefeito Fabrício de Oliveira (PL), que, segundo a presidente da Associação da Parada da Diversidade (APDBC), Damares Barreto, tem dificultado a realização da festa desde sua primeira edição. A falta de estrutura e as constantes barreiras impostas pela administração municipal são apontadas como os principais motivos para o cancelamento.

A data inicial da Parada da Diversidade, que aconteceria em setembro, já havia sido remarcada devido à negativa da prefeitura em liberar o alvará para a realização do evento. Além disso, a mudança de local, da tradicional Avenida Atlântica para a Terceira Avenida, também gerou novos obstáculos, como a falta de banheiros químicos, o que comprometeria o conforto e a segurança dos participantes. "Como vamos permanecer por horas em uma avenida, sem ao menos ter um banheiro químico para os participantes utilizarem? Vão acabar utilizando espaços inapropriados", questionou Damares.

A situação é vista pela organização como parte de uma série de medidas tomadas pela Prefeitura para dificultar a realização do evento, que, segundo eles, busca não apenas celebrar a diversidade, mas também contribuir para o aquecimento do comércio local e o fortalecimento da economia. Com uma expectativa de 15 mil participantes, Damares destaca que "a Parada da Diversidade movimentaria hotéis, restaurantes, comércio e diversos setores turísticos da cidade". A falta de apoio à realização do evento, especialmente em um município com forte vocação para o turismo, é vista como um retrocesso pela Associação, acusando o governo de prejudicar a economia local. "É uma visão atrasada e que prejudica a cidade", afirmou Damares.

Outro ponto de contestação do comunicado é o decreto do prefeito Fabrício de Oliveira, de 2019, que proíbe a interrupção parcial da pista de rolamento da Avenida Atlântica, durante realização de eventos públicos ou privados. O mesmo decreto, que autoriza a liberação apenas aos domingos, no período entre 8h e 12h, foi questionado pela organização, já que no domingo (24), um trecho da Avenida Atlântica estaria interditado para as gravações do filme "Descontrole", fora do horário estipulado pelo decreto. “Afinal, o decreto do prefeito vale para quem, para quem ele quer?”, indagou Damares, apontando a contradição nas medidas adotadas pela administração municipal.

Diante desse cenário, a organização e os movimentos LGBTQIA+ envolvidos devem se reunir na próxima semana para definir uma nova data para a Parada da Diversidade.

Conservadorismo atual e expectativas com Juliana

A realidade é que a Parada da Diversidade de Balneário Camboriú, desde sua criação, tem se deparado com um cenário de resistência e polêmica, principalmente por se realizar em uma cidade que, embora seja um destino turístico internacionalmente reconhecido, é também um território fortemente conservador.

A celebração, que (ao mesno na teoria) visa dar visibilidade à comunidade LGBTQIA+, sempre foi um campo de tensão, atraindo tanto apoio quanto críticas contundentes de setores mais conservadores da sociedade. Em uma cidade onde o discurso político e religioso, frequentemente alinhado com valores tradicionais, tem grande peso, o evento acaba gerando reações adversas, sendo visto por muitos como um desafio direto aos padrões sociais estabelecidos.

O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício de Oliveira, do PL, partido de Jair Bolsonaro, tem se mostrado coerente com a ideologia conservadora que permeia a legenda. Ao longo de seu mandato, ele tem expressado publicamente suas convicções, muitas vezes alinhando suas ações e declarações com princípios conservadores, tanto em questões regionais quanto em temas de alcance nacional. Sua postura, frequentemente respaldada por seu partido, reflete um compromisso com a agenda política que enfatiza valores tradicionais.

Agora, com a proximidade da posse de Juliana Pavan, sua sucessora, em 1º de janeiro de 2025, surge uma expectativa em relação ao rumo que a cidade tomará sob sua liderança, com a possibilidade de continuidade ou mudança na abordagem conservadora adotada por Fabrício, dependendo das prioridades da nova gestão.

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