Lula vem esta semana a Itajaí, marcando retorno do Porto e dos irmãos envolvidos em corrupção.

A primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Santa Catarina em seu terceiro mandato já tem data prevista: ele estará em Itajaí no dia 5 de julho, com possibilidade de ajuste para o dia 6. Esta visita marca a chegada do primeiro navio na nova operação do terminal portuário da cidade, que estava paralisado há um ano e meio. A informação foi divulgada pela deputada federal e vice-líder do Governo na Câmara, Ana Paula Lima (PT), que junto com seu marido, o presidente do Sebrae, Décio Lima, está articulando a visita. No dia 21 deste mês, o Palácio do Planalto confirmou a construção da agenda.

Segundo Ana Paula Lima, a agenda foi finalizada no sábado (22). A tendência é que a visita ocorra na sexta-feira, 5 de julho, mas também há possibilidade de ser no sábado, dia 6. Ministros devem acompanhar Lula, incluindo Silvio Costa, do Ministério dos Portos.

A deputada atribuiu a paralisação do Porto ao governo Bolsonaro, que "não lançou o edital de concessão". "É assim que se governa um país, sempre pensando no bem comum de todos, brasileiros e catarinenses", afirmou a petista.

O primeiro navio que chegará ao porto sob a nova administração, operada pela JBS através da Seara, trará carros da fabricante chinesa BYD. A previsão é que o navio atracará entre os dias 6 e 7 de julho, carregado com 710 contêineres.

Aristides Russi Júnior, diretor-executivo da Seara Operações Portuárias, confirmou a data da primeira atracação. "Não se trata de uma operação forte, mas é um começo," disse, destacando que a carga da BYD Auto é apenas o início de um processo gradual de retomada das operações de contêineres.

Durante sua visita, Lula deve assinar o convênio de delegação da autoridade portuária por mais 25 anos e abordar o processo de arrendamento definitivo do porto por 35 anos. A Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) lançará o edital para o leilão do arrendamento no segundo semestre deste ano.

A solenidade formalizará a atuação da empresa Mada Araújo Asset Management no comando do terminal de contêineres, vencedora do leilão de arrendamento provisório anunciado pela Antaq em novembro de 2023. A Seara, do grupo JBS, assumiu as operações do terminal em maio deste ano, após a Mada Araújo transferir 70% de suas cotas para a gigante do setor de alimentos. A Mada Araújo Asset Management desbancou concorrentes de peso, como a Tecconave, parte do grupo TiL, incluindo a Portonave, administradora do Porto de Navegantes.

O governo federal também confirmou um investimento de R$ 50 milhões para a dragagem do canal de acesso, essencial para permitir a entrada de navios maiores.

Havia também a expectativa de Lula participar da inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis, mas a obra ficará pronta somente no final de julho.

Retorno dos irmãos Batista

A JBS, controlada pela holding J&F, marca o retorno dos irmãos Wesley e Joesley Batista aos negócios após sete anos. Eles se afastaram de seus cargos em 2017, após acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República, admitindo envolvimento em atos de corrupção e propina, no contexto das investigações da Operação Lava Jato.e explodindo um escândalo no país com repercussão internacional.

Os donos das JBS pagaram propina para ter vantagens para suas empresas e viabilizar negócios que formaram o maior grupo privado do país e a maior companhia de carne do mundo, de acordo com depoimentos na delação premiada de executivos e empresários da JBS e empresas do mesmo grupo. Os relatos mostram que o grupo corrompeu políticos para ter incentivos fiscais e conseguir dinheiro no BNDES e nos fundos de pensão.

Os irmãos Batista, desde jovens, lideraram a expansão global da JBS, mas enfrentaram diversas investigações de corrupção. Joesley Batista foi preso duas vezes, e Wesley Batista passou cinco meses na cadeia por tráfico de informação privilegiada. Donos de um verdadeiro império, na época, os irmãos dormiram em colchões sobre concreto.

Perspectiva para recepção popular

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Porto de Itajaí não passa despercebida no contexto político de Santa Catarina. Em um estado conhecido por sua inclinação conservadora, a presença do líder progressista traz à tona desafios e expectativas quanto à sua recepção, especialmente após recentes declarações que indignaram o sul, como quando disse no Piauí que o sul atrasa o nordeste ou quando agradeceu Recife por não se tornar Balneário Camboriú.

Santa Catarina, historicamente, não foi um reduto de votos para Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT). O cenário político é caracterizado por uma predominância de ideias mais alinhadas à direita, o que faz com que a visita do ex-presidente gere discussões sobre como será sua acolhida pela população catarinense.

No entanto, é importante considerar a pluralidade de opiniões que compõem o estado. A diversidade ideológica é uma realidade, e a visita de Lula pode representar um momento de diálogo e reflexão sobre diferentes perspectivas políticas.

A recepção do presidente em Santa Catarina será um termômetro interessante para avaliar a aceitação de figuras políticas progressistas em estados tradicionalmente conservadores. O evento não apenas marca um momento crucial para o Porto de Itajaí, mas também oferece uma oportunidade para a comunidade local se envolver ativamente no debate político.

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